DECIDIR O QUE NÃO FALAR É TÃO IMPORTANTE QUANTO DECIDIR O QUE FALAR

Num tempo em que  cada minuto conta muito, e onde as informações nos chegam a todo momento, apresentações intermináveis e divagantes, são um pesadelo .  Tudo fica ainda mais difícil quando percebemos a falta de foco de quem fala, que muitas vezes, não sabe ele próprio definir qual é a ideia principal da sua fala.

Ser claro e ir direto ao ponto não é tarefa simples. Principalmente quando se tem  muito conteúdo. O que fazer quanto se estudou muito,  se pesquisou muito e se tem muito a dizer?

Esse é o dilema da maioria dos conferencistas. Sobretudo, os conferencistas dos TED TALKS, que  são conferencias curtas, de ate 18 minutos, sobre um tema interessante, geralmente conduzido por um palestrante com expertise técnica na área.  Como condensar um assunto sobre o qual eu tenho tanto a falar , e que é tão complexo em apenas 18 minutos?”

Quem fala sobre esse tema é Chris Anderson,    curador dos Ted Talks desde 2002.  Num de seus videos mais populares ele, inclusive,  ilustra de uma forma muito interessante, o que acontece no cérebro do palestrante e no cérebro da audiência, quando existe uma boa conexão comunicativa.

 

 

 

Mas, Daniel Goleman, em seu livro Foco, destaca um outro ponto, que não opinião dele é o segredo dos bons comunicadores:    a capacidade de “ direcionar a atenção aonde ela precisa ir”.   Para direcionar e  liderar a atenção  é necessário primeiro focar a própria atenção e depois, atrair e direcionar a atenção dos outros. Só que pra isso , precisamos decidir o que merece o foco da nossa atenção. E quando falamos em foco, estamos falando na decisão do que queremos e, principamente,  do que não queremos

Para ajudar nessa difícil tarefa de separar o que é relevante e o que não é relevante num determinado momento, gostaria de destacar um ponto essencial: a memória humana pode guardar de 7 a 9 itens, mas a média para memorização sem esforço são 3 itens. Portanto, escolha os 3 pontos principais do seu conteúdo para aquela situação especifica, coloque holofotes sobre eles, e reserve os  conteúdos que ficaram de fora  para uma outra ocasião.

Outra dica importante, é manter olhos e ouvidos atentos às historias do dia-a-dia.  Historias já aguçavam a curiosidade dos nossos ancestrais,  e estão no nosso DNA , direcionando e mantendo a nossa atenção. Então, decida sempre pela relevância de uma boa  historia.

Finalmente, confie na sua intuição. Daniel Goleman, em seu livro Foco[1],   enfatiza a importância da intuição pra qualquer decisão nossa. Não de um ponto de vista esotérico, mas fisiológico e com base neurocientifica.  Ele afirma que quando tomamos uma decisão, ela é precedida por uma sensação de que algo “parece bom”, que vem de sistemas subcorticais, não conscientes. Só depois disso conseguiremos exprimir nossa decisão em palavras.

 “ os circuitos subcorticais  que sabem dessas verdades intuitivas antes que tenhamos palavras para descrevê-las incluem a amígdala e a insula. Uma revisão especializada sobre intuições conclui que usar sentimentos como informação é uma estratégia de julgamento geralmente sensata, em vez de ser uma fonte constante de erros, como um hiper-racional pode vir a argumentar. O ato de nos sintonizarmos com nossos sentimentos como fonte de informação ,toca numa vasta quantidade de regras de decisão que a mente reúne inconscientemente.”

Portanto, decidir o que não falar e o que falar requer um alto nível de auto-consciencia, que é a base da autogestão e da empatia

 

 

VIDEO CHRIS ANDERSON

[1] Goleman, D.  Foco – a atenção e seu papel fundamental para o sucesso – Ed Objetiva Rio de Janeiro 2013

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