Quem não se sente confortável ao ter que falar em público foge o quanto pode dessa situação. Mas quando a tarefa se torna inevitável, o jeito é encarar. Isso significa se preparar para transpirar, pra sentir as pernas tremerem, a voz embargar, pra gaguejar, entre tantos outros desconfortos. Não bastasse todo esse sofrimento durante a fala, há um sofrimento ainda pior, depois que tudo termina. É a autocrítica extremamente severa que quase todos que tem medo de falar em público possuem. Costumo dizer que ela é pior que todas as sensações negativas, pois ela reverbera por um bom tempo depois da experiência. Essa autocrítica severa leva a uma autoestima baixa, que por sua vez os faz fugir de novas situações semelhantes.
O círculo vicioso está formado. “Não gosto de falar em publico, quando falo não gosto do resultado, fico muito bravo e me “castigo” pelo meu desempenho ruim, e continuo fugindo de novas situações de fala. Sem aceitar novas tarefas de fala, não pratico, não melhoro e por isso sigo não gostando de falar em público. Esse é o pior cenário. É quando nós mesmos colocamos amarras ao nosso desenvolvimento.
A situação pode ficar ainda pior quando somos incentivados a melhorar nossa autoestima. Afinal devemos nos ver sob uma perspectiva positiva, faz todo sentido. Só que o conceito de autoestima geralmente esbarra num certo grau de narcisismo e frequentemente se associa a competição. É como se para ter uma boa autoestima dependêssemos sempre de sucesso e da aprovação dos outros. Mas não é fácil ter sucesso sempre. Como manter uma autoestima elevada diante de um fracasso? Como não desistir e seguir tentando depois de uma experiência ruim de fala em público?
Kristin Neff é pesquisadora na área de psicologia da Universidade do Texas em Austin e foi pioneira no estudo de um conceito bastante interessante e que pode nos ajudar a resolver esse dilema: Autocompaixao. Ela afirma que , embora a autoestima seja algo importante, é algo que depende de vários fatores que nem sempre estão sob controle do individuo. Já a autocompaixão, traz alivio imediato e evita as armadilhas da autoestima. Ter autocompaixão é ser gentil e tolerante consigo mesmo. É dar a si mesmo, uma segunda chance, e ajudar a se recuperar quando nos sentirmos magoados ou envergonhados. Em outras palavras, é tratar a si mesmo, como tratamos a um amigo querido.
Autoestima e autocompaixão são complementares e indispensáveis. Mas quando estamos desenvolvendo uma habilidade, como a capacidade de falar em publico, a autocompaixão será de melhor valia do que a autoestima. Valorizar a autoestima significa apostar todas as fichas no sucesso, o que uma vez ou outra, pode não ocorrer . Já quando apostamos na autocompaixão, estamos investindo numa força que vai nos ajudar a enfrentar nossas fraquezas e principalmente a nos manter firmes mesmo quando nossos resultados não forem os melhores. Não pense que autocompaixão é sinônimo de aceitação das coisas como são. Pelo contrário. Quem desenvolve a autocompaixão não se condena nem se pune. Quem desenvolve a autocompaixão é tolerante e paciente consigo mesmo, compreende que alguns aprendizados levam mais tempo, e estão prontos a seguir se desafiando por quanto tempo for preciso. E o principal, de forma leve.
E você? Está preparado para vencer o medo de falar em público? Vamos praticar a autocompaixão?
Obrigado por compartilhar um blog tão incrível.
Obrigada!