Como podemos melhorar a relação entre o que falamos e o que nossa audiência efetivamente vai compreender e principalmente, lembrar, depois que terminarmos de falar?
Muitos pesquisadores alertam para a importância do inicio da fala. Temos pouco tempo para atrair a atenção e o interesse de quem nos ouve. Por conta disso, inúmeras “receitas” de inícios de apresentações bombásticas estão disponíveis online: “conte uma história”, “conte a sua própria historia”, “apresente um vídeo”, “fique em silêncio por trinta segundos”, e por aí vai.
Reconheço a importância do inicio, mas não acredito em receitas prontas. Sempre acreditei, contudo, que precisamos gerar curiosidade para atrair a atenção do público e mantê-la conosco. E a maneira de iniciar a fala funciona como uma “isca” que nos ajudará a conduzir a audiência até o final.
Recentemente descobri que a maneira como iniciamos uma apresentação, serve a um propósito muito maior que apenas “fisgar” a atenção do publico. Conheci a teoria dos “Organizadores Prévios”, descrita por David Auzubel em 1968. . . O autor defende a ideia de que devemos apresentar alguns recursos introdutórios antes de entregar a informação principal. Isso se aplica a todo e qualquer aprendizado novo, sobretudo aos aprendizados mais abstratos, como o das ciências exatas, principal objeto de pesquisa desse autor.. Esses recursos introdutórios serviriam de ponte entre o que a audiência já tem e o conteúdo novo. Funcionaria como um elemento atrativo que provoca, ao mesmo tempo, interesse e desejo em aprender. E por que precisamos de elementos atrativos? Porque o cérebro humano é organizado de forma que os conhecimentos novos apenas verdadeiramente serão consolidados, se forem ligados aos conceitos que já temos. Assim, além de “fisgar” nosso publico, o ajudaremos a guardar o conhecimento novo no lugar certo do seu cérebro.
O valor pedagógico original desse recurso para o ensino das disciplinas exatas, como a matemática e a física, é indiscutível. Mas, o conceito de “Organizadores Prévios” é extremamente importante e atual, para qualquer situação de comunicação, na medida em que os nossos conteúdos de fala podem ser tão abstratos quanto a matemática ou a física. Além disso, competimos pela atenção do nosso público com um sem numero de distrações. Mais do que nunca, é preciso respeitar esse conceito de preparação trazido pelo conceito dos “Organizadores Prévios” e preparar nosso público, de forma que os conceitos que ele já tem estejam disponíveis e prontos para se ligarem aos conceitos que traremos.
Naturalmente, não existe uma lista de Organizadores Prévios pronta. O histórico, o perfil de cada público é que vai determinar qual a melhor escolha. Mas com certeza, utilizar organizadores prévios para sintonizar a plateia e prepara-la para o que você tem a dizer é essencial. Para te ajudar a encontrar o melhor organizador, seguem três perguntas pra você fazer a si mesmo antes da sua próxima apresentação e acertar na preparação desse terreno
- Quem é meu público? Qual sua faixa etária, nível educacional, nível socioeconômico?.
- Que informações eles já tem sobre o meu assunto?
- Que informações eu tenho que podem ser uteis a eles?
Com essas informações em mãos tenho certeza que você encontrará um excelente “Organizador Prévio” para o seu tema!